Victoria's Secret Fashion Show, a marca venceu o cancelamento?
Agora você vai ler uma analise que foi escrita em 2021, e resolvi trazer-la de volta para discutirmos, "o que mudou de 2021 para cá"
Em 2021 eu analisei:
"O mundo muda, a marca se mantem, a marca perde.
Victoria's Secret, você provavelmente conhece essa marca. Talvez até cresceu assistindo os shows/desfiles. Provavelmente você olhava para as passarelas, e queria ser como as angels que ali
desfilavam. A marca lucrava exatamente com esse nosso desejo, mas que não era apenas um desejo, mas uma insegurança, uma vontade de pertencer aquele meio, mesmo que para isso fosse
preciso odiar nossos corpos e nos sentirmos mal com eles. Mas não importava, todos os anos assistíamos, aplaudíamos, comprávamos quando podíamos para nos sentir um pouco como
elas.
Mas não conseguíamos. Era uma padrão inatingível. Porque esse é o padrão de beleza, inatingível, inalcançável.
Mas em um certo momento chegamos a nos questionar, cada dia nos questionando mais, até que chegou um instante que a pressão já não era da marca para o consumidor, e sim do consumidor para a
marca.
Com a mudança da sociedade, com padrões sendo quebrados (agora é o momento que agradeço) o que o público esperava é que a marca caminhasse junto. Mas não foi o que aconteceu. Os desfiles pararam. Para a marca era melhor não fazerem, do que
precisarem se reposicionar. Melhor parar do que evoluir junto com a sociedade. Obviamente que a matemática não seria positiva para a marca.
Vendas em quedas desde 2016 (dado em relação a Junho de2020), lojas que foram fechadas neste período... o resultado era claro!
2021, a marca resolveu se reposicionar. Não foi uma resposta imediata, pois demorou longos 3 anos após o ultimo desfile ter sido realizado. Em 2021 a marca contava com VS Collective, composto (até aquele momento) por 7 mulheres, entre elas: Megan Rapinoe, a jogadora de futebol norte-americana e ativista dos direitos LGBTQIA+. A proposta agora é outra, é trazer o empoderamento feminino.
Esse tipo de reposicionamento se chama, reposicionamento reativo: o mundo muda, evolui e é preciso mudar. Claro, que o atraso e outras declarações da marca a uns anos atrás, e algumas
escolhas do momento, vão fazer com que esse reposicionamento não seja tão fácil assim. Reputação uma vez perdida, não é reconstruída tão fácil.
Uma vez que este reposicionamento seja negado pelo público, entra em ação o reposicionamento corretivo. Para mudar a rota e corrigir o caminho."
Em outubro de 2024, será que a marca superou o cancelamento? Será que realmente mudou seu posicionamento ou estamos de volta há cinco anos atrás?
Há três anos atrás, escrevi que, se o mundo muda, as marcas precisam acompanhar e evoluir. Foi por essa resistência à mudança que a Victoria’s Secret perdeu tanto espaço no mercado. Quando finalmente se adaptou, não conseguiu conciliar sua essência sexy com a representatividade, o que gerou problemas de imagem e quedas significativas nas vendas.
Agora, em 2024, vemos uma marca diferente daquela que foi proposta em 2021, mais próxima do que conhecíamos tradicionalmente. E será que isso foi em vão?
De lá para cá, tivemos ainda mais mudanças. O discurso sobre representatividade, que antes dominava, percebo que tem perdido força, ainda mais neste ano. Afinal. estamos revivendo os anos 2000, não apenas na moda, mas também nos comportamentos, o discurso da magreza tem ganhado espaço em todos os meios.
E é exatamente neste momento que a marca parece pronta para reaparecer com seu glamour característico: corpos magros (ainda com alguma representatividade, mas moderada) e asas exuberantes. A mesma sociedade que clamava por inclusão agora parece demandar perfeição. E a marca ter voltado com seu famoso Show agora não é em vão, e considero uma das melhores estratégias no timing perfeito que em mais de 05 anos eles não conseguiram acertar.